Coração ao vento...Quero meu coração feito o vento
Que não guarde morada, mas veleje,
livre e leve,
leve toda mágoa.
Leve-me em todas as águas
Infle as velas do peito
Revolutas bandeiras encarnadas
Desfraldai os estandartes multicores
Da paz, da amizade e da saudade dos amores passados
Passos rápidos lépidos fugazes e audazes
Sem saber distâncias, horizontes ou fronteiras algures
Altos... vãos... pássaros oníricos nas sustidas asas velozes
Visitai outras moradas
Voai a bater janelas
Acordai as donzelas encasteladas
Revolvei seus cabelos trigais
Levantai as saias...lufai as faces coradas
Libertino e licencioso
Trazei o gozo e o gosto bem-vindo e novo
Da chuva decantada no rosto
Cantai mensageiros
Encantai os sonhos em novos sons
Buscai o perfume da dama da noite de ontem
Preenchei os ares de aromas e sementes flutuantes
Espalhai pétalas de bem-me-queres
Arrancai as amarelas folhas pendentes
Que mudar é preciso e voar o infinito e sonhar o impossível
Ah...coração! Mudai a direção ao teu bel prazer
Girando fluindo seguindo e cortando caminho
Cortante na fria indiferença
Tornado em fúria se liberte
De alicerces, ferrugens e disperse
As pesadas brumas, as passadas fuligens
Deixai pelos caminhos os espinhos e o pó das viagens
Não serás peso ou pesar constantes
Não regelará as horas vazias
Não levarás consigo ecos de lamentos
Nem se deterá por nada em longo tempo
Não idealizará amores em nuvens moldadas e fugidias
Que sopre sempre todas as canções
Traga alento, alegrias e inspirações
Preencha os espaços deixados por amores distantes
E sê livre, como soem ser os corações amantes...
Celso