sábado, 1 de novembro de 2008



Menino-homem

Você é um sonho de infante
Perdido na memória e tragado no dia a dia
Canção da terra distante
Guardada na história e trancada em agonia

Você é segredo esquecido
Frágil flor que desfalece ao toque do pensamento
Desejo imerecido
Plástica natureza que não conhece o sentimento

Teu olhar transparece vertiginosa distância
Um menino a sonhar agarrando estrelas
Perdido no azul mais profundo
Pontilhado de cristalinas lágrimas
Algo que se perdeu
Sem sequer ter sido um dia, um segundo.

Quimera parar o tempo
Mágico artifício de Pan
Em terra do nunca te sonhar
Fábula surreal
Anjos existem, bem sei;
Inalcançáveis, porém,
Ao mísero mortal afã!

Mesmo assim, teus olhos me preenchem;
Extravasam, transbordam você em mim.
Cabe o mundo nesses olhos?
Cabe todo azul do céu?
Cabe ainda mar?
Cabe o universo!
Onde divino mistério se perde toda razão e sanidade
Num simples olhar?

O poeta é escravo da musa
Que traça seu destino em apenas um verso?
A musa inventou o poeta ou vice-versa?
Que me valem as musas dos versos e das cores
Se és luz!
Que atrai e cega
Prende sem amarras
Sem destino te vais...
Sem amanhãs, sem olhar pra trás.
Se vago ora perdido
Nesse tempo furtivo
Que não me pertence mais...


Celso

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