quarta-feira, 17 de setembro de 2008


O vento... a chama...

O vento sente a chama
À distância ela dança, luz em movimento
Sua forma fugaz, fugidia se desfaz ao encontrar o vento
Um assombramento, troam os mensageiros
O vento canta um triste lamento
Enlaçando caracóis, inefável espiralar
desvanecendo no ar, a impossibilidade da luz,
desventura de amar
A solitude é companheira do vento
No tempo arrasta sua dor
baila folhas caídas, sem rumo, par, nem cor
O vento só para por fim, quando na ausência da chama
o ar perde seu calor

Você chama...
Eu sou o vento
Não posso te tocar...

Eu sou o vento...
Vagando por ruas desertas, em noites incertas
Procuro por você!

Eu sou o vento...
Pessoas em muitas vielas, eu passo por elas
Mas não vejo você!

Eu sou o vento...
Cansado de tanta procura, minha desventura
É não ter mais você...

Celso

V A Z I O

O fim de tudo ou o início?
O que fica quando tudo se consuma,
se consome?
Vazio de sentimentos;
Profundo precipício
Onde não cabem palavras
O que resta, finda a esperança?
Ausência... de espaço e tempo
A não existência de sonhos
A morte da alma!
O apagar das luzes
Cinzas ao vento
Folhas em branco
Lagrimas secas
O fim do filme
As vias, as cruzes
As frases ocas, os ecos, os becos
Clichês surrados, meus e seus
A madrugada insone
Seu nome, sua boca

A solidão rouca

O silêncio frio

O adeus...

Vazio...



Celso

sexta-feira, 12 de setembro de 2008



C O R A Ç Ã O . D E . P E D R A

Quero um coração de pedra
Árido mas resistente
Apesar do pesar, no oco do peito
De tudo como de resto, duro, tosco e fosco
Feito meio feio de feitio
Sem brilho enganador ou ilusórios adornos
Frio como lápide de amores insepultos
Mas eternamente liberto
Não será pedra no caminho de ninguém
Nem estilhaçará algures oníricas vidraças
Não será nunca o primeiro a ser atirado
Nem se transformará por divino milagre
Que apenas bata (orgânica função)
Que muito me basta
Sem o sofrer tolo romântico, inevitável destino
Burlesco desatino, de todo coração
Celso

Esse quadro foi o primeiro de uma série elaborada com essa temática e técnica, mais estilizado, herança do meu passado de artista gráfico...


Outras peças produzidas para a Exposição Africa da Gropius...
Essas duas ai são relevos em metal com cordame
de sizal colorido e miçangas, sobre painel texturizado...
Esse texto meio melancólico eu gosto bastante,
nem sei se um tanto longo pro blog, mas enfim...

Me deu vontade de tomar sorvete
Despetalar antigas lembranças
Quis sentir o cheiro daquela flor
Assoviar uma canção qualquer
Nem era um perfume de mulher

Me deu vontade de fazer um verso
De ver esse mundo pelo avesso
Uma saudade de correr no campo
Como criança empinando pipa
O verso quebrado ficou em branco

Me deu vontade de comer pipoca
E ver um filme que não assisti
O campo agora tem uma cerca
Quero dar uma volta de bicicleta
Daquela canção já me esqueci

Me deu vontade de banho de chuva
Correr descalço e me esconder
O filme era uma reprise chata
Quimera a vida não ser assim
O sol de mansinho foi adormecer

Me deu vontade de pular a cerca
De ver brilhar uma estrela nova
E pedalar já não tem mais graça
Em volta da praça tudo é igual
Com o tempo tudo sempre passa

Me deu vontade de tirar uma foto
Para gravar esse sorriso teu
A chuva enfim parou, fez poça
A minha pipa se perdeu no céu
E o meu arco-íris não apareceu

Me deu vontade de dar cambalhota
Cantar cantiga e de cirandar
Na fotografia estou sozinho
Nunca mais eu te vi sorrindo
E não tem fim esse caminho

Me deu vontade de ler um livro
Um romance que não aconteceu
Na pirueta eu quebrei o braço
Ela foi embora e o que eu faço?
No fim da história já nem sou mais eu

Na garganta ficou um travo amargo
E o meu sorvete se derreteu...


Celso
Só pra não ficar dúvida...

Segregas segredos sagrados
Te envolvem mistérios obscuros
Erigindo ilusões profanas
Há um muro em você
Há um vazio atrás desse muro...

Esse poema é dela mesma, eu só colhi as palavras...

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

* esboço para uma tela...

Aí, essa é pra uma amiga que me deu uma força...


H E R M É T I C A

Em camadas de pétalas e espinhos
Impenetrável rochedo
Vaga de mar e de amar
Eterno desafio
Imperscrutável
De origem sem destino
Dédalo caminho
Górdico novelo
No vel, velado vi,
vedado o vero vinho
Perplexo difuso reflexo
Insondável oráculo
Esfíngica essência
Inacessível ciência
Mítico abismo
Voluntário ser assim
Inatingivelmente
Sozinha
Celso



Esses foram trabalhos muito gratificantes na criação e produção das peças, feitas sob encomenda para ambientações com o tema Africa, para a Gropius, do incansável Rômulo Cavalcante. As obras foram em grande parte realizadas em parceria com meu irmão Pedro, tambem artista: escultor, artesão, entalhador, pintor e por ai afora... São telas, esculturas em madeira, resina, metal, entalhes e relevos, além de peças de arte aplicada em mobiliário, luminárias, utilizando as mais variadas técnicas... Um desafio que descortinou outros horizontes de possibilidades. Valeu!
As fotos são de uma figura chamada Ivan

quarta-feira, 10 de setembro de 2008


Olha só, um dia procurando umas imagens na net (*) me deparei com essa, de um trabalho que fizemos para o Cowparade no Rio/07 e que deu bastante auê...
(*) quem souber o autor da foto por favor me avise...

terça-feira, 9 de setembro de 2008



Na montagem do cenário (fotos), conheci algumas pessoas especiais.
Uma delas é a amiga que recebe essa homenagem...

Menina feita mulher feita musa feita deusa.
Te descobrindo ponto a ponto, linha a linha.
Cada pincelada um deslumbramento
Descortinada, arrebatada à ribalta, se traduz.
Sempre um passo à frente, um degrau acima,
inatingível, surreal.
Escudo, espelho e verdade.
Alada, pairas sobre a pequenês de tudo...
constelada, guia e luz.
Se tuas lágrimas salpicam o céu,
teu sorriso rasga o vel, auroras...
Triunfante, onisciente do que queres e possuis.
Afrontas o medo do caminho.
À frente sempre...
à fronte os louros...
às mãos as armas,
divina e mortal...
Áurica, radiante mítica vitoriosa.
Além do idealizado mármore, pulsas.

Única...

Anike!

Hai kais

fagulham vaga-lumes
um pássaro noturno
comendo estrelas


* * *

o lago pisca
bem-te-vi em rasante
bebe o reflexo


Celso

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Esse quadro que ilustra o poema ganhou um premio no Salão de Artes de Guarulhos. Foi a primeira vez que enviei um trabalho para um salão e me serviu de estimulo.
Me faz lembrar que preciso participar mais... Aí, quem tiver algum contato de Salões de Arte por favor me envie, desde ja agradeço, valeu!

P A R A Í S O

Um sol pra me aquecer
O céu pra me abrigar
Água de coco pra beber
Mar azul pra me banhar
Um tempo pra esquecer
Uma rede pra sonhar
O desejo de ter você
Um perfume pra lembrar
Teus olhos a me ver
Tua boca pra beijar

Da até vontade de fazer
o tempo parar...
Celso

sábado, 6 de setembro de 2008

Ai, ai... a inércia: uma força a ser vencida; rolar a pedra até o topo, para que depois ela possa seguir seu curso, com o impulso natural. São tantas coisas pra postar... mas descubro que como em tudo, pintar, escrever, esculpir... o ato de dar vida ao blog, tambem é um mister solitário; pelo menos até que a conectivivade se consume, que a interação aconteça, que seja visto e divulgado; e possa exercer algum poder de instigação, gerar uma resposta. Espero superar esse desafio e conto com a colaboração de todos... um empurrãozinho na hora certa, pra vencer a inércia...

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Mãos à obra...
Engraçado; a mesma sensação que ja experimentei em frente à uma tela de pintura em branco, experimento agora, em frente ao monitor, travando o teclado... Há tempos estava querendo montar esse blog ou pelo menos iniciá-lo, ja que espero seja uma experiência dinâmica, autometamorfoseante e sem rédeas. Expor idéias, trabalhos, discutir pontos de vista, enxergar novas perspectivas, abrir canais de comunicação e interação e o que mais for possível, tratando de temas ligados às artes e cultura de forma geral. Um pequeno passo no universo cultural, mas pra mim, certamente, um grande passo em direção às diversas metas traçadas.
Um espaço aberto, um convite a quem queira se expressar e participar comigo dessa aventura. Fazermos juntos o que sozinho seria mais complicado. Armemo-nos de pincéis, canetas, teclados, instrumentos afins, que é tempo de esvaziar as gavetas, os pcs, a cabeça! Aquecer os neurônios, extravasar os sentimentos e botar a mão na massa. Vamos à luta!