Esse texto meio melancólico eu gosto bastante,
nem sei se um tanto longo pro blog, mas enfim...
Me deu vontade de tomar sorvete
Despetalar antigas lembranças
Quis sentir o cheiro daquela flor
Assoviar uma canção qualquer
Nem era um perfume de mulher
Me deu vontade de fazer um verso
De ver esse mundo pelo avesso
Uma saudade de correr no campo
Como criança empinando pipa
O verso quebrado ficou em branco
Me deu vontade de comer pipoca
E ver um filme que não assisti
O campo agora tem uma cerca
Quero dar uma volta de bicicleta
Daquela canção já me esqueci
Me deu vontade de banho de chuva
Correr descalço e me esconder
O filme era uma reprise chata
Quimera a vida não ser assim
O sol de mansinho foi adormecer
Me deu vontade de pular a cerca
De ver brilhar uma estrela nova
E pedalar já não tem mais graça
Em volta da praça tudo é igual
Com o tempo tudo sempre passa
Me deu vontade de tirar uma foto
Para gravar esse sorriso teu
A chuva enfim parou, fez poça
A minha pipa se perdeu no céu
E o meu arco-íris não apareceu
Me deu vontade de dar cambalhota
Cantar cantiga e de cirandar
Na fotografia estou sozinho
Nunca mais eu te vi sorrindo
E não tem fim esse caminho
Me deu vontade de ler um livro
Um romance que não aconteceu
Na pirueta eu quebrei o braço
Ela foi embora e o que eu faço?
No fim da história já nem sou mais eu
Na garganta ficou um travo amargo
E o meu sorvete se derreteu...
Celso
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
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3 comentários:
Risos...
Sensibilidade ...Nossa que presente!
A sensibilidade é uma via de mão dupla, viajantes privilegiados a percorrem...
Obrigado
Aí, em tempo, um segredinho pra ler esse poema: comece cada estrofe com um certo entusiasmo, de quem se lembra de um momento feliz, depois va mais devagar, a melancolia tomando conta, lenta e cinza...
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