sexta-feira, 31 de outubro de 2008



Coração ao vento...

Quero meu coração feito o vento
Que não guarde morada, mas veleje,
livre e leve,
leve toda mágoa.
Leve-me em todas as águas
Infle as velas do peito
Revolutas bandeiras encarnadas

Desfraldai os estandartes multicores
Da paz, da amizade e da saudade dos amores passados
Passos rápidos lépidos fugazes e audazes
Sem saber distâncias, horizontes ou fronteiras algures
Altos... vãos... pássaros oníricos nas sustidas asas velozes

Visitai outras moradas
Voai a bater janelas
Acordai as donzelas encasteladas
Revolvei seus cabelos trigais
Levantai as saias...lufai as faces coradas
Libertino e licencioso
Trazei o gozo e o gosto bem-vindo e novo
Da chuva decantada no rosto

Cantai mensageiros
Encantai os sonhos em novos sons
Buscai o perfume da dama da noite de ontem
Preenchei os ares de aromas e sementes flutuantes
Espalhai pétalas de bem-me-queres
Arrancai as amarelas folhas pendentes

Que mudar é preciso e voar o infinito e sonhar o impossível
Ah...coração! Mudai a direção ao teu bel prazer
Girando fluindo seguindo e cortando caminho
Cortante na fria indiferença
Tornado em fúria se liberte
De alicerces, ferrugens e disperse
As pesadas brumas, as passadas fuligens
Deixai pelos caminhos os espinhos e o pó das viagens

Não serás peso ou pesar constantes
Não regelará as horas vazias
Não levarás consigo ecos de lamentos
Nem se deterá por nada em longo tempo
Não idealizará amores em nuvens moldadas e fugidias

Que sopre sempre todas as canções
Traga alento, alegrias e inspirações
Preencha os espaços deixados por amores distantes
E sê livre, como soem ser os corações amantes...

Celso

terça-feira, 28 de outubro de 2008


Um recomeço...

Somos o que pensamos

Se você é dúvida
Como posso ser direção?
Se você é dispersão
Como posso ser unidade?
Se você é vaidade
Como posso ser só emoção?

Somos o que sentimos

Se você é tristeza
Como posso ser alegria?
Se você é estrada
Como posso ser moradia?
Se você é covardia
Como posso ser decisão?

Se a externa máscara mente
Sejamos o que vai dentro de nosso coração

Se você é a razão do sentimento
Se você é o sentido do pensamento
É a vida que me completa
Se você é a outra parte de tudo que penso
É a metade de tudo que sinto
Se você é a totalidade de tudo que amo...

Algum dia seremos os mesmos?
Algum dia seremos iguais?

Não quero as migalhas deixadas na estrada como sinais
Nem te seguirei como fazem os girassóis...

Tudo parece pouco
E o pouco já é demais
E ainda o gosto agridoce do querer sempre mais...

Não quero encontrar os erros e culpas, meus e tuas.
Nem viver outra vida
Ouvir mais despedidas e meias verdades
Não quero pensar no que sinto
Não quero me sentir pela metade
Quero minhas verdades, não o que minto ser realidade...

Esqueçamos os passos que ficaram para trás
Não que queira lhe apagar os traços
Mas nada voltará ou será o mesmo, jamais!
E tudo que ficou pra depois
Tudo que foi vivido em outros braços
Tudo que foi levado de nós dois

Quero enterrar o que foi abortado
Curetar o que ficou no avesso
Vejo túmulos nos teus olhos
E sinto um berço no teu colo
Um alento, um chamado, um recomeço...

Só falta tua alma arrebatar-lhe a voz... muda... num canto
Ofertar-me o teu encanto e receber enfim o que te ofereço...


Celso
*Um esclarecimento se faz necessário: esse poema foi escrito sobre a história de amor de uma amiga minha com outra pessoa, não tendo nenhuma relação com minha história pessoal. Por isso o texto abaixo...
Palavras colhidas por um jardineiro em milharais de girassóis...rs.

terça-feira, 21 de outubro de 2008



Imperador...

Há tempos seu muro estava erguido
Jardins escondias, feito armadura polida!

Teu reino cresceu
Perpetuou amor nas ruínas
E agora que caí o pranto redundante
Já podes aliviar o peito teu!

Tinha renunciado a vida...
Como redundavas a dor...
Era sentimento vencido
Em um mundo sem cor!

Deixou teus alamares
Fortalecer seu arredor...
Provou ao interno teu
Que frente ao muro não morreu!

Saíste espiar as esquinas
Onde mão de outros povos estabeleceu!
E fora és testemunha grata
Da beleza gratuita dos deuses teus!

Então...
Sai correr o mundo...
Sentir a grama infinita!
As gotas da brisa
Por que o pôr nasceu...

Não existe o tempo vivo
E o tempo que morreu...
O sentimento é perpétuo!
Esta enraizado nos entes teus..
E como tem doçura no teu templo!
Como tem sensível rio...
Tem também infinita espera...
E vontade de Adeus...

Nos teus olhos a busca
O cessar desta turbulência...

E o céu te responde a cada acordar
A cada abrir de olhos, que teu coração dá!
Estou aqui a um toque!
Estou aqui para amar...
Nada cessou! O sol acordou,
E a lua? Só dá o luar...

(Para Celso, minha gratidão infindável).
Claudia Venegas.


Esse poema biográfico (rs) é um presente de uma amiga dotada de extrema sensibilidade e acuidade perceptiva, como pode ser visto aqui nessa pequena mostra. Conheçam mais de seu trabalho no blog: www.aldeianerudiana.bolgspot.com. Obrigado Cláudia (chilena)...rs

domingo, 12 de outubro de 2008


Amizade muda...

Num dia cinza – a vida parada – encontrei uma amizade,
Descompromissada e leve; levada assim, sem hora pra nada.
A amizade me contava coisas da alma;
Coisas da vida, do tempo, do mundo e de mim.
Palavras ponteadas, pontiagudas; às vezes pranteadas; prateadas;
Às vezes de esperança...
Contudo não contava das coisas do coração.

A amizade me entendia e também ouvia
Sem as palavras pra atrapalhar...
A amizade sempre aparecia sem eu precisar chamar
E andava comigo em pensamento.
Mas nunca passava nem perto do coração

A amizade ia almoçar, ia ao trabalho
Era sábia e sóbria, e sabia sorrir como criança
A amizade me alegrava o dia
Falava de filosofia e poesia com terno sentimento
Mas nunca me falava das coisas do coração

Quando me quebrei de amor, ela juntou tudo e colou
Devagar pos tudo em seu lugar e até o medo ela tirou
Passou a andar sempre comigo de mãos dadas
A amizade foi passear, foi ao cinema,
Foi pra casa, foi pra cama...
Não foi à igreja ou papel nenhum ela nunca quis
A amizade mora comigo apenas
Me dará novos amigos
E me fará feliz!